Quem foi o faraó Tutmés II, cuja tumba foi descoberta recentemente?

Nas últimas horas, uma descoberta arqueológica chamou atenção dos mais apaixonados por arqueologia. Autoridades do Egito anunciaram nesta terça-feira, 18, a descoberta do último túmulo que faltava dos reis da 18ª Dinastia, pertencente ao faraó Tutmés II.

O achado chama atenção especialmente por ocorrer mais de um século após a descoberta dos restos mortais de Tutancâmon em 1922, pelo arqueólogo e egiptólogo britânico Howard Carter. A tumba foi localizada pela primeira vez em 2022, e só recentemente foi confirmado a qual faraó o local pertencia.

Embora a tumba tenha sido encontrada e identificada só recentemente, os restos mortais de Tutmés II foram encontrados ainda no século 19, quando foi movido de seu recinto original para escapar de saqueadores de túmulos. Hoje, sua múmia está em exposição no Museu Nacional da Civilização Egípcia, no Cairo.

O túmulo, entretanto, foi encontrado em péssimas condições, muito por conta de uma inundação que aconteceu pouco após a morte do faraó. Ainda assim, esta configura como uma das descobertas mais importantes da história recente do Egito, possibilitando uma maior compreensão sobre a herança histórica e o reinado de Tutmés II.

Mas afinal, como foi esse reinado e quem foi, de fato, o faraó Tutmés II? Confira!

Família

Segundo o portal Ancient Egypt Online, Tutmés II foi o 4º faraó da 18ª Dinastia, sucedendo Tutmés I. Muito se especula sobre o tempo que reinou, mas a maioria dos historiadores acredita que foi somente entre 3 e 13 anos — e ele acaba não sendo uma figura tão lembrada e de destaque entre os faraós.

Tutmés II foi filho de Tutmés I com uma esposa secundária, Mutnofret. Seus irmãos mais velhos, Wadjmose e Amenmose, morreram antes que pudessem ascender ao trono, o que colocou Tutmés II como herdeiro.

Depois, se casou com Hatshepsut, que era sua prima e meia-irmã, e filha mais velha de Tutmés I com Ahmose. Hatshepsut, por sua vez, exercia influência na época, o que garantiu a liderança de Tutmés II após o casamento.

Vale mencionar que "Tutmés" significa "nascido de Thoth", que é o deus dos escribas para os antigos egípcios, e também considerado o coração e língua de Rá, colocando-o como uma das divindades mais importantes.

Com Hatshepsut, Tutmés II teve uma filha, Neferure, entretanto, seu herdeiro, Tutmés III, fruto da relação com a esposa secundária, Iset, se tornou um dos faraós mais prolíficos do Egito Antigo.

Reinado

Como já mencionado, há uma dúvida quanto a exatidão do reinado de Tutmés II, que vai de 3 a 13 anos, falecendo em 1479 a.C., com pouco mais de 30 anos. Após a morte do faraó, Hatshepsut ordenou a remoção do nome de Tutmés II de monumentos e templos, substituindo pelo seu próprio.

Após a morte de Hatshepsut, Tutmés III assumiu a posição de faraó, e tentou colocar de volta o nome do pai em alguns dos edifícios. Por isso, há certa inconsistência nos achados arqueológicos, contudo, é sugerido que seu reinado ocorreu aproximadamente entre 1.493 a.C. e 1479 a.C..

No tempo que reinou, mesmo que breve, Tutmés II ficou lembrado por conseguir esmagar, com sucesso, uma rebelião em Kush ao enviar um exército para a Núbia. Sob seu comando, o exército também parou rebeliões no Levante (Palestina histórica, Israel e Síria), e derrotou um grupo de beduínos nômades na Península do Sinai.

Tutmés II não liderou, de fato, nenhuma dessas campanhas, mas a ele são dados os créditos pelos resultados — afinal, os exércitos eram liderados pelos generais, que recebiam ordens do rei.

O maior monumento creditado ao seu reinado é um portal de calcário de Karnak, que já esteve na frente do pátio do 4º pilone — um grande pórtico dos templos —, onde o faraó ergueu um pátio de festivais. Infelizmente, os blocos que compunham o portal foram retirados, e eventualmente serviram como fundação para Amenhotep III.

Múmia

Os restos mortais de Tutmés II foram encontrados no esconderijo real de múmias em Deir el-Bahari (também conhecido como Necrópole Tebana), onde havia também os cadáveres de quase 29 outros reis mumificados.

Infelizmente, quando sua múmia foi desembrulhada em 1886 por Gaston Maspero, estava em mau estado de preservação; fora danificada por antigos ladrões de túmulos pouco após sua morte.

Ainda assim, foi possível observar que o rosto e o formato da cabeça de Tutmés II eram parecidos com os de seu pai, Tutmés I. Ele morreu com pouco mais de 30 anos, e sabe-se que tinha uma doença de pele que não pôde ser mascarada pelo embalsamamento, apresentando manchas e cicatrizes.

Além disso, o estado da múmia ainda revelou que Tutmés II era, aparentemente, um homem fraco, devido ao seu corpo magro e quase sem músculos. Seu crânio também estava careca e com manchas.