Aceredo: a vila espanhola inundada há 30 anos por um reservatório
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Mega Curioso
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Foi de repente que Aceredo, uma pequena vila na fronteira entre Espanha e Portugal, surgiu após ter desaparecido há 30 anos em meio a milhares de litros de água devido a um sacrifício estrutural. Por muito tempo, apenas o topo de casas e outros edifícios ficaram aparentes durante os períodos de seca que atingem a região, porém, esse ano a vila inteira apareceu como consequência a uma das piores secas já vivenciadas.
Foi no início de 1990 que a prefeitura do município de Lobios, Espanha, chegou à conclusão que a área precisava de um novo reservatório, e como Aceredo só possuía 70 casas e 120 cidadãos, foi escolhida para ser sacrificada.
(Fonte: Berati/Reprodução)
Mas nada foi pacífico. Durante as desocupações que antecederam as obras para o novo empreendimento houve muitas reclamações, protestos e até uma greve de fome de 10 dias liderada pelos habitantes indignados que não queriam ser realocados. E como bem salientou Margarita de Brito, moradora de Buscalque, outra vila inundada para a construção do reservatório, tudo foi em vão.
"No final, a água veio, no primeiro dia um pouco, no segundo um pouco mais, e, no terceiro dia, subiu e nunca mais desceu", relatou ela. Nesse processo iminente de desocupação, os moradores realocaram os corpos de seus entes queridos enterrados na vila, e até uma igreja histórica foi transferida para uma cidade diferente.
Em 1992, as pessoas acompanharam a subida do Rio Limia até que transbordasse suas margens e submergisse Aceredo pelo que parecia ser para sempre.
A cidade fantasma
(Fonte: Reuters/Reprodução)
Por três décadas, os turistas que visitavam a região no tempo de seca, podiam se deparar apenas com o topo das construções submersas, mas devido às mudanças climáticas e explorações agressivas de uma empresa de energia de Portugal que administra o reservatório, os níveis da água chegaram a alcançar 15%, expondo os restos de Aceredo no fundo.
Segundo María del Carmen Yañez, prefeita do município de Lobios, que inclui Aceredo, em uma matéria à Architectural Digest, isso serviu apenas para impulsionar o turismo na região. As pessoas chegaram massivamente para explorar a vila, percorrendo as antigas estradas, áreas de terras agrícolas e as casas naufragadas.
O que impediu que as águas engolissem a história de Aceredo foram as imagens captadas durante todo o processo. Em 2015, dois cineastas usaram o material gravado para compor o documentário Os Dias Afogados, relatando a trajetória trágica da pequena vila.
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