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Estudo descobre anomalia radioativa no fundo do Oceano Pacífico
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Estudo descobre anomalia radioativa no fundo do Oceano Pacífico

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Tecmundo
17/02/2025 14h00
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©Getty Images
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Em um novo estudo publicado na revista Nature Communications, um grupo de pesquisadores afirma ter detectado uma anomalia radioativa no fundo do oceano Pacífico.

Segundo a equipe de pesquisa do Helmholtz-Zentrum Dresden-Rossendorf (HZDR), em colaboração com a TUD Dresden University of Technology, na Alemanha, e a Universidade Nacional da Austrália (ANU), foi identificado um isótopo radioativo de berílio-10 nos fundos marinhos do Oceano Pacífico Central e Norte

Apesar de a detecção ter ocorrido nessas regiões específicas, os cientistas acreditam que a anomalia pode estar presente em todo o Oceano Pacífico.

Em um comunicado oficial , os pesquisadores explicam que a descoberta do isótopo não foi exatamente uma surpresa, mas sim o aumento dos níveis nessas regiões. Na verdade, trata-se de um acúmulo muito maior do que o esperado. Eles ainda não sabem o motivo específico desse aumento, mas identificaram que ele começou em algum momento entre nove e 12 milhões de anos atrás.

A produção do isótopo radioativo de berílio-10 começa quando raios cósmicos do espaço interagem com a atmosfera da Terra . Durante as chuvas, o isótopo é transportado até o oceano, onde se deposita e fica preso em crostas rochosas enterradas nas profundezas marinhas. Porém, esse processo natural não explica a anomalia detectada no Oceano Pacífico.

A ideia é que as descobertas do estudo possam contribuir para o avanço da datação de registros geológicos; os especialistas poderiam usá-la como um tipo de marcador de tempo global. Atualmente, não existem marcadores precisos para períodos que se estendem por milhões de anos, mas a anomalia radioativa poderia ser utilizada exatamente para esse fim.

“Essa anomalia foi detectada no Pacífico Central e Norte. Devido ao longo tempo de permanência do berílio-10 na coluna d"água, que varia de centenas a até mil anos e é semelhante ao tempo de circulação oceânica, a anomalia provavelmente está presente em todo o Pacífico. Duas questões importantes precisam ser abordadas em investigações futuras: essa anomalia de berílio-10 é um fenômeno global? Qual é a sua exata duração e extensão?”, os cientistas descrevem no estudo.

Hipóteses sobre a anomalia radioativa

Para detectar a anomalia, os pesquisadores analisaram amostras geológicas do fundo do Oceano Pacífico, compostas principalmente de ferro e manganês, acumuladas ao longo de milhões de anos. Utilizando a técnica de Espectrometria de Massa com Acelerador (AMS), eles conseguiram datar as amostras e estimaram que sua formação ocorreu há aproximadamente 10 milhões de anos.

Somente após uma análise mais detalhada os pesquisadores perceberam algo inesperado: as amostras continham quase o dobro de berílio-10 do que foi inicialmente previsto. Para confirmar os dados, eles analisaram outras amostras retiradas do Pacífico, que também apresentaram as mesmas concentrações do isótopo radioativo De fato, não se tratava de um erro ou de uma contaminação.

O físico do HZDR, Dr. Dominik Koll, propõe duas principais hipóteses para explicar o aumento da concentração de berílio-10 há cerca de 10 milhões de anos.

A ilustração mostra como o berílio-10 se deposita na crosta do fundo do oceano Pacífico.
A ilustração mostra como o berílio-10 se deposita na crosta do fundo do oceano Pacífico. (Fonte: HZDR / blrck.de)

A primeira está relacionada à circulação oceânica em uma região próxima à Antártida , que pode ter passado por mudanças entre 10 e 12 milhões de anos atrás. Essas alterações poderiam ter causado uma distribuição desigual do isótopo radioativo, fazendo com que as correntes oceânicas depositassem maiores quantidades no Oceano Pacífico.

A segunda hipótese tem origem cósmica. O cientista sugere que o aumento do berílio-10 pode estar ligado aos efeitos de uma supernova próxima à Terra naquela época. Outra possibilidade é que a radiação cósmica tenha se intensificado temporariamente devido a uma fraqueza momentânea da heliosfera, a barreira protetora formada pelo vento solar.

"Por volta de 10 milhões de anos, encontramos quase o dobro de 10Be do que havíamos previsto. Nós tropeçamos em uma anomalia até então desconhecida", Koll explica em um comunicado à imprensa.

Os resultados do novo estudo abrem novas possibilidades para os cientistas entenderem melhor o impacto de eventos naturais ou cósmicos na Terra. Além disso, a descoberta pode contribuir para um método de datação ainda mais preciso do que os utilizados atualmente, permitindo uma análise mais detalhada de registros geológicos que remontam a milhões de anos.

Datação geológica por berílio-10

Atualmente, a datação por radiocarbono é um dos métodos mais utilizados na ciência. A técnica mede a proporção entre o carbono-14 , um isótopo radioativo, e o carbono-12, um isótopo estável, para estimar a idade de materiais orgânicos. Contudo, essa técnica tem uma limitação de até 50 mil anos. Ou seja, para analisar amostras mais antigas, é necessário recorrer a outros métodos de datação.

O berílio-10 é um isótopo radioativo com uma meia-vida de 1,4 milhão de anos, diferentemente do carbono-14, que possui uma meia-vida de 5.730 anos e é utilizado para estimar a idade de materiais orgânicos de até 50 mil anos. 

Por isso, os pesquisadores do estudo sugerem que a anomalia radioativa pode servir como um marcador temporal com ótimo potencial para amostras que abrangem milhões de anos.

“Para períodos que abrangem milhões de anos, ainda não existem marcadores temporais cosmogênicos. No entanto, essa anomalia de berílio tem o potencial de atuar como um desses marcadores”, Koll completa.

Os oceanos escondem segredos que podem reescrever a história da Terra, não é à toa que pesquisadores continuam a investigar estruturas submersas que desafiam as explicações convencionais. Quer saber mais? Entenda como uma estrutura misteriosa no oceano Pacífico pode ser do tempo dos dinossauros. Até a próxima!

Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião do TIM NEWS, da TIM ou de suas afiliadas.
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