Um dia inteiro na Terra durava apenas 19 horas; veja o motivo
Tecmundo
De acordo com um estudo publicado na revista científica Nature Geoscience, há cerca de dois bilhões de anos, um dia durava apenas 19 horas na Terra, ou seja, cinco horas a menos do que a atual duração de 24 horas. Segundo os pesquisadores, o período durou por cerca de um bilhão de anos e ocorreu em um momento caótico do nosso planeta.
De acordo com os autores da pesquisa, Ross Mitchel, da Academia Chinesa de Ciências, e Uwe Kirscher, da Curtin University (Austrália), durante o período Proterozoico, a Lua estava mais próxima e começou a 'roubar' parte da energia rotacional do nosso planeta. Por isso, os dias tinham apenas 19 horas e permaneceram assim por um bom tempo; não é à toa que os cientistas apelidaram o período de “bilhão chato”.
Os pesquisadores descobriram os resultados por meio de um método geológico que usa as camadas sedimentares da Terra para entender como os ciclos astronômicos, chamados de ‘ciclos de Milankovitch’, afetavam as mudanças na órbita e rotação do nosso planeta. O método é chamado de cicloestratigrafia e permitiu que os cientistas entendessem as mudanças rítmicas no clima da Terra.
Outros estudos apontam que a duração do dia na Terra começou a aumentar constantemente entre três e quatro bilhões de anos atrás.
“Com o tempo, a Lua roubou a energia rotacional da Terra para impulsioná-la para uma órbita mais alta, mais distante da Terra. Percebemos que finalmente era hora de testar uma ideia alternativa, mas completamente razoável, sobre a paleorotação da Terra”, os autores explicam no estudo.
Comumente, os cientistas utilizam uma técnica de análise de rochas sedimentares especiais, contudo, eles acreditam que a cicloestratigrafia pode oferecer mais respostas sobre o período. Por isso, eles usaram o novo método em rochas sedimentares de 600 milhões de anos que preservaram os ‘ciclos de Milankovitch’.
Rocha sedimentar de 600 milhões de anos.
Mitchell e Kirscher também afirmam que as condições atmosféricas da Terra passaram por um grande aumento nos níveis de oxigênio e criaram uma camada de ozônio, até os níveis diminuírem novamente. Segundo os pesquisadores, o ozônio pode ter absorvido mais luz solar do que vapor de água, estimulando as marés atmosféricas, uma reação que pode ter ajudado a estabilizar o período de 19 horas por dia.
De acordo com outros estudos, o "bilhão chato" pode ter sido muito mais interessante do que os pesquisadores acreditam e que, talvez, este período forneceu um avanço importante para o desenvolvimento da vida complexa. De qualquer forma, cientistas continuarão a debater o tema, pois existem outras hipóteses embasadas em diferentes conjuntos de dados.