Máscara misteriosa e sistema avançado de água é descoberto em antiga cidade líbia

Recentemente, arqueólogos realizaram novos achados impressionantes sobre o passado helenístico e romano da antiga cidade mediterrânea de Ptolemais, na atual Líbia. Entre as descobertas recentes, feitas por arqueólogos poloneses da Universidade de Varsóvia, está um sofisticado sistema de água e um misterioso rosto esculpido em argamassa hidráulica.

Fundada entre os séculos 4 e 3 a.C. pela dinastia ptolomaica, Ptolemais prosperou durante quase um milênio, até ser abandonada após a invasão árabe na região, em meados do século 7 d.C.. Servindo inicialmente como uma cidade portuária para o assentamento interior de Barca, a área eventualmente se tornou um importante centro urbano sob o domínio dos romanos.

A partir do fim do século 3 d.C., a cidade foi o posto de capital provincial na Líbia Superior, sendo esse um status estabelecido durante as reformas administrativas do Imperador Diocleciano. A posição de status se baseava na sua localização privilegiada, bem como pelas obras de engenharia impressionantes que ali foram feitas, mesmo que, ao longo dos séculos, tenham sido parcialmente devastadas por desastres naturais e pela eventual conquista árabe.

A área começou a ser objeto de estudo arqueológico em 2001, sob o comando do professor polonês Tomasz Mikocki; porém, as escavações foram interrompidas em 2010, com a chegada da guerra civil na Líbia. As buscas só foram retomadas em 2023, empregando novos métodos mais sofisticados e menos invasivos de análise.

Novas descobertas

No ano passado, os arqueólogos se surpreenderam ao encontrar, na área, os restos de uma antiga residência construída em torno de um pequeno pátio alinhado por cômodos que serviam como cozinha, escada e uma câmara com um mosaico, que provavelmente pertenceu a uma pessoa de posição significativa naquela sociedade.

Os pesquisadores também destacam em comunicado que havia, perto da entrada, alguns recipientes de pedra que podem indicar que o local tinha alguma função pública, como arrecadar ou armazenar impostos e tributos, repercute o Archaeology News.

Porém, algo que chama ainda mais atenção na residência é um sofisticado sistema de gerenciamento de água ali encontrado, no qual a chuva caía no implúvio da piscina central, e era direcionada para duas cisternas subterrâneas. Essa descoberta é um documento importante de como eram as habilidades de engenharia dos cidadãos de Ptolemais.

Quando analisadas de perto, uma das cisternas ainda revelou um intrigante rosto humano esculpido em argamassa hidráulica em sua parede. Esse rosto, por sua vez, não possuía nenhuma característica distintiva em especial, e serviu apenas para deixar os arqueólogos ainda mais curiosos.

"Não se pode descartar que o dono da casa, ou pelo menos aqueles envolvidos na criação da imagem, fossem de origem líbia. Evidências epigráficas indicam que, pelo menos desde o século I a.C., as elites líbias, que rapidamente se assimilaram, receberam cidadania nas cidades gregas da Cirenaica. No entanto, ele observou que isso continua sendo especulativo", pontua Dr. Piotr Jaworski, chefe da Missão Arqueológica Polonesa, em comunicado, traçando paralelos com esculturas de outros santuários líbios conhecidos.

Por fim, vale mencionar que, em dezembro de 2024, a equipe de pesquisa voltou sua atenção para a acrópole de Ptolemais, uma colina fortificada onde foram identificados uma variedade de edifícios, incluindo muros de fortificação robustos, torres defensivas e um sistema independente de abastecimento de água. Há também um teatro na encosta norte, e um hipódromo no sopé, que demonstram como a área servia a diversas funções.

O Dr. Szymon Lenarczyk, líder do projeto, enfatiza ao Nauka w Polsce Service a importância destas pesquisas: "Nosso ortofotomapa da acrópole de Ptolemais revela inúmeras estruturas arquitetônicas que não são necessariamente parte de seu sistema de defesa". Assim, os pesquisadores esperam estudar nas próximas pesquisas mais sobre os propósitos residenciais ou religiosos das estruturas da região.